domingo, novembro 29, 2009

nas tuas mãos deixei a minha vida parar

Nas tuas mãos repousa a minha vida
falta-me um gesto teu para acordar
pássaro triste, asa enfraquecida
sem o teu corpo, o céu para voar
nas tuas mãos deixei a minha vida parar

Se tu soubesses tudo o que eu invento
se adivinhasses quando eu te chamo
amigo, noivo, nardo, irmão, lamento
rosa de ausência que desfolho e amo
se tu soubesses como o tempo é lento esperando

Tu voltarias como o sol na primavera
trazendo molhos de palavras como cravos
trazendo o grito de uma força que se espera
e cheira a seiva, medronhos bravos

Tu voltarias como a chuva no outono
trazendo molhos de palavras
como nuvens trazendo a calma
que abre as portas para o sonho
trazendo o corpo sabendo a uvas,
tu voltarias cantando

Das minhas mãos renasce a nossa vida
e sei que posso falar-te a toda a hora
basta cantar-te para possuir-te
és o sítio onde o canto se demora
estou a inventar-te e a destruir-te
agora
agora


José Carlos Ary dos Santos

1 comentário:

A. Pedro Ribeiro disse...

Beijos, Pedro. António Pedro Ribeiro. Gostei muito de te ver ontem no Púcaros. Diz coisas. apedroribeiro@hotmail.com