Lembro-me perfeitamente do momento em que abri uma pequenina edição chamada "Tabacaria".
Foi há muitos anos, no início desse fantástico processo chamado adolescência.
Diria mais, aquela pequena edição encontrou-me acidentalmente. Li as primeiras estrofes e não o consegui largar até terminar o poema. Lembro-me de me encostar à parede e pensar: - o que foi isto?
Foi o início do meu secreto fascínio pelo Álvaro de Campos, assim entrei paulatinamente no Universo Pessoniano. A curiosidade obrigou-me a consumir avidamente toda a sua obra.
"Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim."
E foi isto, após ler tudo aquilo a realidade plausível caiu de repente sobre mim e a vida continua.
Igual? - Jamais!
"Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu."
"Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu."
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