segunda-feira, janeiro 31, 2011

Sobre a mediocridade

Plagiando o Blog do Machado...


"Numa de suas muitas frases espirituosas, Jean-Paul Sartre afirmou que “a humanidade é um projeto que não deu certo”. Apesar de advertências chocantes como essa, que os filósofos costumam fazer de tempos em tempos, o fato é que gostamos de imaginar a vida humana na Terra como uma aventura épica, grandiosa, com um final vitorioso.

Seria bom demais pra ser verdade! O destino do homem é o sofrimento sem glória, é o final sem esperança. Somos todos atores medíocres, protagonistas ou coadjuvantes (não importa), do grande fracasso coletivo! E tudo isso num planeta minúsculo e insignificante, depois de uma vida atormentada e sem sentido nenhum.

O filósofo José Ingenieros se aventurou a estudar o que ele chamou de “O homem medíocre”. E alinhavou algumas características próprias desse homem, apresentando-o como aquele que tem uma existência individual comum, com inteligência limitada e moralidade média; vida submersa no convencionalismo social (como uma “vida de rebanho”); ausência de concepções intelectuais próprias; opiniões sem originalidade nenhuma, definidas pelo senso comum, com os seus dogmas e preconceitos. E conclui o filósofo italiano naturalizado argentino: os homens medíocres são os “imitadores dos grandes homens”, por isso mesmo é que vivem uma “vida sem biografia”.

Por falar em biografia, é interessante lembrar que Sartre sempre recusou permissão para que escrevessem a sua, exatamente sob o argumento de que a história de uma vida, qualquer que seja ela, é sempre a história de um fracasso. Se até os grandes cérebros da humanidade reconhecem que o homem está fadado ao fracasso e a uma vida medíocre, quem poderá negá-lo?

Parece que a mediocridade é mesmo algo intrinsecamente humano. Demasiado humano, diria Nietzche. Quem sabe se o homem não é assim tão medíocre exatamente porque não tem consciência de sua mediocridade? E talvez seja ainda mais medíocre quando, além de não ter consciência da própria mediocridade, se imagina melhor do que os outros, mais importante e mais vitorioso."


Ora, livrai-nos senhor de homens medíocres,

que nunca passarão disso mesmo, pequenas almas medíocres!

Como diria Zeca Afonso: - Olhem só, daquele homem a fraca figura.

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