O mar beijando a areia
O céu e a lua cheia
Que cai no mar
Que abraça a areia
Que mostra o céu
E a lua cheia
Que prateia os cabelos do meu bem
Que olha o mar beijando a areia
E uma estrelinha solta no céu
Que cai no mar
Que abraça a areia
Que mostra o céu e a lua cheia
Um beijo meu.
Sérgio Ricardo
Aí está, a Maria Bethânia voltou!
Entregaram-me o CD para ouvir. Fui repentinamente assolada por um nervosismo miudinho.
Ainda não o tinha visto. Apressei-me a abri-lo para ver quais poemas que a Bethânia tinha escolhido para dizer.
A ânsia era grande, a expectativa também, com algum receio. Sim, com algum receio de ver as minhas expectativas defraudadas.
O nível estava colocado num patamar demasiado alto, no mesmo CD juntar a Maria Bethânia (essa voz) e os poemas da Sophia, essa poesia, essa claridade, limpidez, a pureza, esse mar da Sophia, que é o mesmo que eu sempre vi e vivi.
A minha curiosidade era mesmo grande. Talvez por a Sophia ter uma poesia ..., talvez por a Sophia ter uma poesia que não consigo definir, talvez por a Sophia ter uma poesia cor de mar. Talvez por ser uma das minhas mais prazerosas leituras, uma das leituras que mais fluídas sensações me desencadeia, talvez por ser uma poesia que me faz respirar debaixo de água. Porque é uma poesia que sou incapaz de dizer. Entra em mim, mas não sai de forma a que eu possa dizer: - disse um poema da Sophia! Sou incapaz de dizer poesia da Sophia num tom mais alto que o da minha cabeça. No entanto, sou incapaz de ir para a Berlenga (esse pedacinho de paraíso) sem um livro da Sophia e sem os meus momentos privados com esse mar.
Após um "Imitação da Vida" onde a Bethânia disse Pessoa como ninguém. Um CD da Bethânia a dizer Sophia prometia...
o espaço privilegiado da casa, a sala de 'toda la vida', a noite e a sua calma, o príncipe em forma de chá quente e apenas eu. Dava então início à cerimónia de ouvir pela primeira vez o novo trabalho da Bethânia.
O suporte instrumental está ao nível que nos tem habituado. A sua voz e o seu cantar, ao seu nível. Gostei! talvez não me leve à loucura que me levou o "Imitação da Vida".
Agora relativamente à forma de dizer Sophia... talvez a sua poesia não tenha sido escrita para se dizer, talvez o seu segredo se esconda na forma como cada um de nós a vê quando a lê. Talvez as suas palavras fiquem bem sobre o fundo branco e etéreo das páginas de um livro, talvez a sua poesia fique bem sobre as praias das nossas vidas. Talvez as suas palavras sejam tão puras e tão brutais que ditas perdem o têm no papel.
A Faixa 4 é divinal... é um daqueles fenómenos de mistura do piano com o melodioso embalo da voz da Bethânia.
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