quarta-feira, janeiro 10, 2007

Inverno Intenso

Há obras de arte que me deixam rendida

a palavra certa não será rendida,

será algo mais, algo mais forte,
mais alto, sim talvez mais alto será a designação certa, mais alto
mais perto do ceu, mais entre aquele espaço flutuável
que se encontra em cima da agreste força do mar de inverno com toda a sua espuma
esse manto branco de que se veste em Janeiro,

daquelas tardes de inverno arrebatadoras, frias, cortantes, lindas!
em que desço à praia para ser brindada com o vento frio a atravessar-me a face
enquanto toca into my arms de nick cave

aquelas obras de arte que fazem chorar

que me deixam imóvel a flutuar

a mirar, a olhar por diferentes ângulos
a sofrer, sim pode-se sofrer de comtemplamento,
a contemplar imensamente durante horas
num momento meu, meu, meu

como os momentos imóveis em que ouço no escuro e silêncio the koln concerts de keith jarret

há obras que são fortes, tão fortes
que me sinto tão especial por ter o enorme e quase secreto prazer de as contemplar

sinto-me brindada pelo prazer de poder ouvir, ver, cheirar e sentir, sentir sentir

sinto-me honrada perante tanta beleza

uma beleza que de tão intensa que é me fere

fere-me, chega a levar-me às lágrimas

como as tardes de inverno estendidas na praia à espera de ninguém

tantas tardes esquecidas em frente ao mar e à sua espuma branca intensa

que de tão bela me fere os olhos, a alma e os sentidos

me enebria intensamente

e essas tardes estendem-se

mesmo que eu não as veja...

o inverno tem estes secretos mistérios:

o frio da serra, do mar branco e azul,

as faúlhas ardentes das lareiras aquecidas

os pores do sol frios e maravilhosos

brutalmente intensos.

maravilhosamente intensos, mesmo que ninguém os veja
esta é a maravilhosa e secreta alma da natureza

intensa, mesmo que ninguém a veja

sorte a dos que a sentem!

como eu!


S.R.



El Teide

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