Há obras de arte que me deixam rendida
a palavra certa não será rendida,
será algo mais, algo mais forte,
mais alto, sim talvez mais alto será a designação certa, mais alto
mais perto do ceu, mais entre aquele espaço flutuável
que se encontra em cima da agreste força do mar de inverno com toda a sua espuma
esse manto branco de que se veste em Janeiro,
daquelas tardes de inverno arrebatadoras, frias, cortantes, lindas!
em que desço à praia para ser brindada com o vento frio a atravessar-me a face
enquanto toca into my arms de nick cave
aquelas obras de arte que fazem chorar
que me deixam imóvel a flutuar
a mirar, a olhar por diferentes ângulos
a sofrer, sim pode-se sofrer de comtemplamento,
a contemplar imensamente durante horas
num momento meu, meu, meu
como os momentos imóveis em que ouço no escuro e silêncio the koln concerts de keith jarret
há obras que são fortes, tão fortes
que me sinto tão especial por ter o enorme e quase secreto prazer de as contemplar
sinto-me brindada pelo prazer de poder ouvir, ver, cheirar e sentir, sentir sentir
sinto-me honrada perante tanta beleza
uma beleza que de tão intensa que é me fere
fere-me, chega a levar-me às lágrimas
como as tardes de inverno estendidas na praia à espera de ninguém
tantas tardes esquecidas em frente ao mar e à sua espuma branca intensa
que de tão bela me fere os olhos, a alma e os sentidos
me enebria intensamente
e essas tardes estendem-se
mesmo que eu não as veja...
o inverno tem estes secretos mistérios:
o frio da serra, do mar branco e azul,
as faúlhas ardentes das lareiras aquecidas
os pores do sol frios e maravilhosos
brutalmente intensos.
maravilhosamente intensos, mesmo que ninguém os veja
esta é a maravilhosa e secreta alma da natureza
intensa, mesmo que ninguém a veja
sorte a dos que a sentem!
como eu!
S.R.
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