Às vezes lemos textos que simplesmente não podemos deixar de copiar para partilhar.
Sem a permissão do autor, aqui vai na integra, o texto literalmente roubado a: http://daliteratura.blogspot.com/, posted by João Paulo Sousa at 4:02 PM
"Ouvi ontem de manhã, enquanto conduzia, uma conversa entre Alberto Pimenta e o jornalista Luís Caetano, na Antena 2. Hoje houve outra, agora com Nuno Júdice, mas tive de abandonar o carro pouco depois de começar a escutá‑los. É possível que amanhã o convidado de Luís Caetano seja outro poeta. Não sou das pessoas que mais se interessam pelo que os autores dizem sobre a própria obra, desconfio das análises feitas pelos principais interessados, que, na maior parte dos casos, apresentam a imagem que gostariam de preservar em relação ao que fizeram. Dos escassos minutos em que ouvi Alberto Pimenta, retive uma reflexão talvez evidente, mas muito esquecida, mesmo por quem se dedica à actividade crítica. O autor de O Silêncio dos Poetas manifestava‑se contra aqueles que dizem que este ou aquele autor adquiriu, por fim, o seu estilo ou encontrou a sua voz. É que, afirmou Pimenta, o mundo e o indivíduo estão em permanente mudança, logo não há qualquer possibilidade de nos mantermos iguais ao longo da vida, nem de reagirmos da mesma maneira à medida que o tempo passa. Essa suposta coerência só pode, portanto, ser falsa ou resultar de um erro de observação do crítico. No caso da primeira hipótese, essa falsidade pode ainda ser uma estratégia comercial (e como chamar‑lhe outra coisa?), para provocar o reconhecimento do produto e alcançar assim mais sucesso imediato. Convém, é claro, não confundir estes casos com a reiteração de certas obsessões a que um indivíduo não consegue escapar e que, no caso de ele produzir arte, se irão reflectir nessas realizações. E como não estabelecer estas confusões? O conhecimento alargado, cada vez maior, de obras de arte, da história da sua produção, das várias possibilidades de as analisar, ajuda, contribui mesmo decisivamente, mas talvez não seja suficiente. Autoplágio ou impossibilidade de escapar a si mesmo?
Terreno pantanoso, decerto, que talvez nunca possa admitir uma resposta universal."
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