quarta-feira, setembro 13, 2006

Animais Antigos, vícios antigos












Se a memória não me falha, desde 1999 que o João Habitualmente se tornou num dos meus vícios, e "Juramos passar a cumprimentar toda a gente, estar infinitamente gratos, infinitamente porcos piolhos morcegos".

O vício nasceu numa livraria-galeria de arte em Espinho, numa das sessões mensais de poesia organizadas por um amigo. A livraria faliu, eu ainda não... as sessões continuam noutro local.

Agradeci e A-GRAAAAADECEMOS vezes sem conta, este belo momento numa noite chuvosa em que, para variar, já a sessão contava com meia dúzia de poemas e músicas antes da nossa chegada.

A noite foi memorável e inesquecível, não só pelos laços eternos que se criaram instantaneamente e por osmose poética, mas também pelo imprevisto constante da noite, que acabou de dia para os lados de Leça com umas douradas no porta bagagens (ou não foi esta a noite das Douradas?, já não sei!, também pouco ou nada interessa.)

Curiosamente, e deslocando-me geograficamente no país para terras dos Mouros (entenda-se, abaixo do Douro) ninguém nunca tinha ouvido falar desse grande gradioso maravilhoso e extraordinário poeta. Os seus livros eram uma relíquia guardada com muito zelo, amor e carinho por alguns iluminados que tinham o prazer a honra de guardar a sete chaves essas obras de arte. Anseio desesperadamente a sua republicação e juramos fazer fila a partir da meia noite à porta de qq livraria para adquirir tão precioso conteúdo poético.

Um dia e surpreendentemente, apareceu na minha caixa de correio, um exemplar do Pensamento Desconexo, das Edições Mortas . Poucos minutos bastaram para o devorar de uma ponta à outra, qual traça dos livros enfurecida...

De facto a http://www.objectocardiaco.pt/ tem o mérito de editar e dar a conhecer à plebe, vulgar e destituída de qualquer cultura poética, bem como aos intelectualoides poéticos que usam óculos, se vestem mal e têm mau aspecto, a nova obra de arte.

Este já canta na minha prateleira. É MEU, finalmente, É MEU! Estava difícil. Valeu o penoso esforço de o procurar por todas as livrarias do Oeste...

Digamos que é um processo difícil e um tanto ou quanto desagradável, chegar a uma livraria e perguntar:

- desculpe, tem alguma coisa do João Habitualmente? e levar constantemente a resposta: hãm? quem? (e olham pra mim à procura das duas antenas verdes, ou a pensar se eu estou a gozar com eles), eu repito não vá o sr. ou a sra. entender mal: - João,... Habitualmente! Ah! não temos nada! Alguns ainda perguntam qual a editora, outros nem se dão ao trabalho.

Hoje foi diferente, entrei e vi, depois de breves instantes de tremuras, agarrei-me logo a ele, não fosse alguém entrar na livraria a correr e roubar-me os dois únicos exemplares. Depois de pagar, pedi uma factura... e voilá, o sr. perguntou-me, desculpe... como se chama o Autor.

Eu respondi: João,... Habitualmente!

"o que foi um acto poético de incomensurável estética"!!!

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