domingo, fevereiro 19, 2006

Florbela Espanca

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi p’ra cantar!

E se um dia hei de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... p’ra me encontrar...



Florbela Espanca

(1894-1930)

Florbela Espanca nasceu em Vila Viçosa, no Alentejo, em 1894.

Estudou em Évora, até 1917 e em 1919, após o seu primeiro casamento, ingressou na Faculdade de Direito de Lisboa.

Florbela Espanca é uma poetisa de excessos, possui uma personalidade riquíssima, cultiva exacerbadamente a paixão, e possui uma voz marcadamente feminina. Os seus três casamentos falhados, tal como as desilusões amorosas que ocorreram ao longo da vida marcaram profundamente a sua obra.

A sua primeira obra, Livro de Mágoas, data de 1919.

Colaborou com produções suas em várias publicações nacionais nomeadamente Seara Nova, Notícias de Évora, D. Nuno, Civilização, Portugal Feminino e Revista Portuguesa.

É, por muitos, considerada a grande figura feminina da literatura portuguesa do início do século.

Suicidou-se em Matosinhos na noite de 7 de Dezembro de 1930.


Obra:
Poesia Sonetos Completos
O Livro de Mágoas, 1919
Livro de Sóror Saudade, 1923
Charneca em Flor, 1931
Domínio Negro, 1931
Juvenília, 1931
Máscaras do Destino, 1931
Cartas, 1931
Diário do Último Ano, 1981
Dominó Preto, 1981

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