sexta-feira, fevereiro 03, 2006

ESTRELA DA TARDE

uma tarde no pico...




O mais belo poema de amor,
a musicalidade do poema entranha-se.



ESTRELA DA TARDE

Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas, e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca tardando-lhe o beijo, mordia
Quando à boca da noite, surgiste na tarde, tal rosa tardia,
Quando nós nos olhamos, tardamos no beijo que a boca pedia,
e na tarde ficamos, unidos ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde, em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde demais para haver outra noite, para haver outro dia


Meu amor, meu amor,
minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça
e o meu corpo te guarde
Meu amor, meu amor,
Eu não tenho a certeza,
se tu és a alegria, ou se és a tristeza
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza


Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram
Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite, uma festa de fogo fizeram,
Foram noites e noites, que numa só noite, nos aconteceram
Era o dia da noite, de todas as noites, que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles que à noite, amando se deram,
E entre os braços da noite, de tanto se amarem, vivendo morreram


Meu amor, meu amor,
minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça
e o meu corpo te guarde
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza,
se tu és a alegria ou se és a tristeza
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza


Eu não sei meu amor, se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto,
É por ti que adormeço e acordo, e acordado recordo no canto
Essa tarde, em que tarde surgiste, dum triste e profundo recanto
Essa noite, em cedo nasceste, despida de mágoa e de espanto
Meu amor, nunca é tarde nem cedo, para quem se quer TANTO.


José Carlos Ary dos Santos

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