O cansaço às voltas
O cansaço às voltas...
Já me esqueci da medida do meu desespero. Há anos atrás.
A minha ilusão era tão grande quando eu era pequenina.
O cansaço às voltas.
À volta dos olhos, da boca, dos dedos.
Não vêem?. Não! Vocês não vêem nada!
Mas eu acordo de 5 em 5 minutos para ver se estou a dormir.
Que voltas se lhe pode dar a esta coisa chamada, espera?
Como vocês me aborrecem.
Como eu me aborreço.
Vejo o cansaço como se não fizesse parte de mim.
Espero a cada manhã que o espelho se alise e eu volte a ser menina.
E se eu quisesse e se eu ainda pudesse.
E se eu pudesse e se eu ainda quisesse.
E se eu ainda vos amasse.
A diferença de cada dia não passa de uma banalidade distorcida.
E esta música não passa de uma hipocrisia.
Estranho tudo, porque espero tudo!
Luto por tudo, porque tudo me pesa!
Tu, que olhas e não me vês, pesas-me.
Tu, que falas comigo mas não ouves, pesas-me.
Trago-me de rastos.
Escoou-me por entre as frestas.
Perco-me entre os dedos das mãos.
Não consigo ver o fim do meu princípio.
Não me consigo ver. Sim, sou apenas cansaço.
E se eu quisesse e Se eu ainda pudesse.
E se eu ainda vos amasse.
Sou tão pequena e breve e louca.
Uma voz que mal se ouve ao anoitecer.
Tenho saudades, mas não sei de quem.
Se tardas, será tarde.
Demasiado tarde.
Quando vieres, não batas à porta.
Entra. Entra, como se a eternidade viesse do passado.
Olga Roriz
quatro de dezembro 2000
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